São Paulo decide rebaixamento: empate basta, mas vitória do Vitória pode mandar Internacional e Santos para a Série B

Na reta final do Campeonato Brasileiro Série A 2025, o São Paulo Futebol Clube virou o fiel da balança. Com 51 pontos e apenas uma rodada pela frente, o Tricolor do Morumbi não luta mais por vaga na Libertadores — já está garantida. Mas sua partida contra o Esporte Clube Vitória, no Barradão, pode mandar o Sport Club Internacional e até o Santos Futebol Clube para a Série B. É isso mesmo: o time que está em oitavo, com três pontos à frente do nono colocado, tem o poder de decidir quem cai. E não é só um detalhe. É um dos momentos mais estranhos da história recente do futebol brasileiro.

O que está em jogo? Quatro times, uma última rodada

Com 36 rodadas jogadas, só quatro equipes ainda têm chance de evitar o rebaixamento — e duas delas já estão praticamente enterradas. O Sport Club do Recife e a Sociedade Esportiva do Juventude foram rebaixados com 100% de probabilidade, segundo análise da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Restam quatro: Sport Club Internacional (41 pontos), Esporte Clube Vitória (42 pontos), Santos Futebol Clube (41 pontos) e Fortaleza Esporte Clube (40 pontos). Mas a UFMG, com seu modelo matemático preciso, diz que o Fortaleza tem apenas 35% de chance de sobreviver. O Ceará, com 43 pontos, está com apenas 7,6% de risco, segundo o Goal.com — e pode até escapar por um fio.

As probabilidades da UFMG são implacáveis: o Internacional tem 77,6% de ser rebaixado, o Vitória, 65%, e o Santos? Surpreendentemente, só 2%. Isso não quer dizer que o Peixe está salvo. Significa que, para ele cair, quase tudo precisa dar errado — e o São Paulo precisa perder. E é aí que entra o drama.

A fórmula do caos: São Paulo x Vitória + Internacional x Bragantino

Se o São Paulo empatar com o Vitória, ele termina em oitavo. Ponto final. Nenhuma outra combinação de resultados pode tirá-lo da zona de classificação. Mas se ele perder? Aí o mundo vira de cabeça para baixo. A única maneira de o Tricolor cair da 8ª posição é se o Red Bull Bragantino vencer o Internacional no Beira-Rio. Nesse cenário, o Bragantino passaria o São Paulo e o Tricolor cairia para nono — e, com isso, o Vitória subiria para oitavo, e o Internacional e o Santos ficariam presos na zona de rebaixamento.

Isso significa que o São Paulo, mesmo perdendo, ainda pode se manter em oitavo — se o Internacional perder. Mas se o Internacional vencer e o Vitória também vencer? O Internacional sobe para 44 pontos, o Vitória para 45, e o Santos fica em 41. Resultado? Santos e São Paulo caem. E o São Paulo, que não tem nada a perder em termos de classificação, vira o carrasco da sua própria sobrevivência.

Por que o Santos está quase salvo? O milagre da matemática

É difícil de acreditar, mas o Santos tem apenas 2% de chance de rebaixamento segundo a UFMG. Por quê? Porque ele precisa de uma combinação absurda: Vitória vencer, Internacional vencer, Bragantino vencer, e o São Paulo perder. E ainda assim, só se o Ceará perder para o Corinthians — e o Ceará está jogando contra o Bahia, que não tem nada a perder. A chance de tudo isso acontecer? Praticamente zero. É como ganhar na Mega-Sena com um único bilhete.

Isso não significa que o Santos está livre. Significa que, para ele cair, o futebol precisa se transformar em um filme de ficção científica. O que os torcedores do Peixe não sabem — ou não querem acreditar — é que o time pode cair por culpa de outro. E o culpado? Pode ser o próprio São Paulo.

O peso da história: um time que nunca quis ser herói

O São Paulo foi fundado em 25 de janeiro de 1930, em São Paulo. Tem títulos mundiais, copas da Libertadores, e uma tradição de grandes times. Mas nunca imaginou que, em 2025, seria o árbitro invisível de uma luta por sobrevivência. O técnico Rogério Ceni, que já foi ídolo como jogador, agora é o homem que pode salvar ou afundar clubes que nem sequer são seus rivais diretos. Ele não quer isso. Mas o futebol, às vezes, não pede permissão. Ele impõe.

Na última rodada, o São Paulo venceu o Internacional por 3 a 0 na Vila Belmiro — um resultado que, na verdade, não foi tão decisivo quanto parece. Porque o que importa agora não é o que o São Paulo fez, mas o que ele vai fazer contra o Vitória. Um empate basta. Mas e se o time perder por 2 a 1? Aí, o Brasil inteiro vai olhar para o Morumbi e perguntar: vocês sabiam o que estavam fazendo?

O que acontece depois?

Se o São Paulo empatar, ele garante a 8ª posição e a vaga na Conmebol Libertadores 2026. Mas o verdadeiro drama está nas outras duas vagas. Se o Internacional e o Vitória caírem, será um dos maiores escândalos da história do Brasileirão. Um time que terminou em oitavo, com 51 pontos, vai ter sido o responsável por mandar dois clubes históricos — um deles com mais de 100 anos de tradição — para a Série B.

Se o Santos cair, será a primeira vez desde 2004 que o clube não joga na elite. E isso, para os torcedores do Peixe, é um trauma coletivo. O São Paulo não quer isso. Mas não pode fazer nada, a não ser jogar. E torcer. Porque, neste momento, o Tricolor não é mais um time. É um instrumento da matemática. E a matemática não tem coração.