Prêmio do Vélez Sarsfield como campeão argentino é menor que o do Santos na Série B do Brasil
Campeão argentino ganha menos que vencedor da Série B brasileira
Tudo bem que dinheiro não entra em campo, mas não dá para ignorar o impacto das cifras. O Vélez Sarsfield, campeão argentino de 2024, embolsou apenas 3 milhões de reais pelo título depois de vencer o Huracán por 2 a 0 em Buenos Aires. O valor é pago pela Associação de Futebol Argentino (AFA) utilizando recursos repassados pela CONMEBOL, prática comum entre as federações do continente. Só que esse prêmio ficou menor até que o repasse ao campeão da Série B do Brasil: o Santos, ao levantar a taça da segundona, levou para casa 3,5 milhões de reais, meio milhão acima do que Vélez arrecadou pelo topo da elite argentina.
Se você acha estranho um grande da Argentina ganhar menos do que um vencedor da Série B do Brasil, considere isso: a distância financeira entre os dois mercados aumentou muito nos últimos anos. O futebol brasileiro se abriu mais comercialmente, principalmente a partir da distribuição de receitas de direitos de TV, enquanto a Argentina segue mais fechada para investimentos privados e patrocínios externos. Enquanto o valor recebido pelo Vélez não anima nem o torcedor, no Brasil até quem briga para não cair lucra mais.

Diferença brutal nas premiações do futebol brasileiro
Olha só os números do Brasileirão. O Botafogo, campeão da Série A em 2024, recebeu 48,1 milhões de reais. Até o vice, o Palmeiras, não ficou para trás, levando 45,7 milhões. Agora, veja o Red Bull Bragantino, que terminou na 16ª colocação — último posto antes da zona de rebaixamento. O clube faturou 16,3 milhões de reais, cinco vezes mais do que o Vélez ganhou pelo título argentino! Isso acontece porque, no Brasil, boa parte da premiação é distribuída com base no dinheiro das transmissões de TV. Cerca de 30% de todo o valor negociado com televisão aberta e por assinatura é repassado aos clubes da Série A, de modo proporcional à colocação final. Quem é rebaixado, porém, fica de fora da divisão desse bolo.
No caso da Argentina, o sistema é bem mais travado. A liga dá pouca flexibilidade para investimentos externos, o que afasta patrocinadores maiores e investidores internacionais. O resultado é um campeonato menos rentável para os clubes. Para resolver isso, comentam especialistas do mercado, só mudando as regras do jogo interno: abrir espaço para investidores e repensar como as receitas são divididas entre as equipes.
Enquanto isso, times como o Vélez celebram o título nacional, mas sentem no bolso o peso de um mercado que parece andar para trás. Jogadores e dirigentes sabem que, para competir à altura dos brasileiros — dentro e fora de campo —, será preciso olhar além das quatro linhas e buscar receita onde ela realmente cresce: transmissões, patrocínios e novos tipos de aporte.