Despedida de Preta Gil reúne multidão e homenagens no Theatro Municipal do Rio
Uma despedida à altura de uma estrela
Preta Gil, cantora, filha de Gilberto Gil e uma das figuras mais queridas da música brasileira, teve seu velório aberto ao público no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em uma manhã marcada por emoção, homenagens e muita música. Milhares de pessoas, vindas de diferentes partes do país, formaram filas para prestar o último tributo à artista cujo carisma e alegria sempre ultrapassaram palcos e trios elétricos.
Desde as primeiras horas do dia 25 de julho, o clima no entorno do Theatro Municipal era de saudade, mas também de celebração. Quem chegava era recebido por uma impressionante decoração de flores e uma apresentação audiovisual com fotos e vídeos relembrando os melhores momentos da trajetória de Preta Gil. O que chamava atenção era a trilha sonora: uma seleção de canções alegres e dançantes que a própria cantora havia escolhido, fugindo da melancolia e reforçando seu desejo de que o adeus fosse vivido com festa.
No saguão, personalidades da música e política se misturavam entre os anônimos. Entre abraços, lágrimas e sorrisos, nomes como Margareth Menezes e Janja Lula da Silva dividiram espaço com fãs e amigos de longa data. Muitos vestiam camisetas do Carnaval e portavam adereços típicos dos blocos, em referência à paixão de Preta pelos desfiles de rua, especialmente pelo Bloco da Preta, que arrastou multidões históricas pelo centro da cidade.
Homenagens e legado
O enterro de Preta Gil foi reservado à família e amigos mais próximos. Gilberto Gil, visivelmente abalado, se despediu da filha em uma breve cerimônia privada no Cemitério da Penitência. Mas foi nas ruas do Rio que a cantora teve seu último cortejo simbólico: logo após o velório, uma procissão passou por avenidas tradicionais do Carnaval carioca, batizadas com o nome de Preta em um tributo permanente à sua influência no circuito.
O sentimento compartilhado entre os presentes era de que ela sempre foi além dos holofotes. Preta inspirou por sua autenticidade, sua força diante dos desafios de saúde e o carisma que conquistou todos, desde que trocou a produção publicitária pelos microfones, já aos 29 anos. Marcou presença marcante na cena musical e, mais ainda, no universo carnavalesco. O Bloco da Preta, fundado por ela em 2009, foi um dos grandes fenômenos do Carnaval do Rio, reunindo meio milhão de pessoas em seus melhores anos.
- A celebração não foi só um ato de despedida, mas também de reconhecimento de sua importância como símbolo de diversidade e alegria;
- Nomes da música popular, artistas e fãs reforçaram sua imagem de mulher forte e agregadora;
- As ruas por onde passou o cortejo ganham agora outra relevância, com o nome da artista eternizado no contexto do Carnaval;
- O Theatro Municipal se tornou um palco não para o lamento, mas para a festa pela trajetória ousada de quem nunca teve medo de ser quem era.
Quem acompanhou de perto viu que Preta Gil deixa um vazio, mas também uma multidão pronta para seguir seu exemplo de celebração da vida, resistência e cultura.